O livro "Inclusão Escolar: o que é? por quê? e como fazer?" , de Maria Tereza Mantoan , é uma obra fundamental para educadores, pesquisadores e todos os envolvidos com a educação inclusiva. O objetivo do autor é desmistificar o conceito de inclusão escolar, oferecendo uma reflexão profunda sobre as razões para a inclusão de alunos com deficiência no ambiente escolar regular, além de apresentar práticas e estratégias para a implementação dessa proposta.
O que é inclusão escolar?
Maria Tereza Mantoan inicia o livro esclarecendo o que é a inclusão escolar, um conceito frequentemente confundido com a simples presença de alunos com deficiência em escolas regulares. Para Mantoan, a inclusão vai além da matrícula. Ela é definida como um processo contínuo de adaptação do sistema educacional para garantir que todos os alunos, independentemente de suas condições físicas, intelectuais ou sensoriais, possam participar plenamente das atividades escolares. A inclusão exige modificações tanto nas estruturas físicas das escolas quanto nas metodologias de ensino e na formação dos professores, com o intuito de eliminar barreiras que possam dificultar o aprendizado dos alunos com deficiência.
No entanto, Mantoan alerta que, muitas vezes, a inclusão é interpretada de forma superficial, como uma tentativa de "integrar" os alunos com deficiência sem considerar as condições permitidas para o seu pleno desenvolvimento. Portanto, o autor defende uma inclusão verdadeira, que implica em garantir o acesso ao currículo e a participação efetiva de todos os alunos, respeitando suas particularidades.
Por que fazer inclusão escolar?
A autora dedica um capítulo a discutir os fundamentos da inclusão escolar, abordando questões filosóficas, legais e sociais. Ela destaca que a inclusão é uma demanda da sociedade contemporânea, que preconiza a valorização da diversidade e a construção de uma educação que respeite os direitos de todos. A partir da Constituição Federal de 1988, que confirma a educação como um direito de todos, e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que estabelece que a educação deve ser oferecida de forma inclusiva, o país avançou na discussão sobre a escolarização de alunos com deficiência. Mantoan reforça que a inclusão é um direito, e não um favor ou uma opção do sistema educacional.
Além disso, Mantoan traz argumentos baseados na ética e na justiça social. Para ela, a escola inclusiva é um espaço que proporciona o respeito à diversidade, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Ela argumenta que a inclusão não deve ser vista apenas como um benefício para os alunos com deficiência, mas também como um enriquecimento para todos os envolvidos no processo educacional, incluindo os colegas, os professores e a comunidade escolar. Ao conviver com a diversidade, todos se tornam mais preparados para lidar com as diferenças, aprendendo a respeitar e a valorizar o outro.
A autora também discute as implicações da inclusão em relação à formação de atitudes e valores nas novas gerações. A educação inclusiva é, para ela, uma oportunidade de promover a cidadania, a convivência e a cooperação entre indivíduos com diferentes necessidades e habilidades.
Como fazer inclusão escolar?
O capítulo que trata das práticas pedagógicas possíveis para implementar a inclusão escolar é um dos mais importantes do livro. Maria Tereza Mantoan enfatiza que a inclusão exige uma transformação nas práticas pedagógicas, com o objetivo de atender à diversidade de ritmos e estilos de aprendizagem dos alunos. Para isso, ela propõe algumas estratégias pedagógicas que devem ser adotadas pelos professores, como o ensino diferenciando, a adaptação curricular, o uso de recursos pedagógicos e tecnológicos e a formação contínua dos educadores.
Uma das principais estratégias apresentadas é uma adaptação curricular, que consiste em modificar a forma de ensino para garantir que todos os alunos possam aceder e compreender o conteúdo. Mantoan explica que, numa sala de aula inclusiva, o currículo não deve ser alterado no seu conteúdo, mas sim na sua forma de apresentação e nos seus métodos de avaliação. Por exemplo, o professor pode utilizar recursos como áudio, imagens, materiais concretos e atividades práticas, adaptando o conteúdo de acordo com as necessidades dos alunos.
Outra questão importante abordada pela autora é a importância de utilizar a avaliação formativa e contínua. A avaliação deve ser entendida como uma ferramenta para identificar as dificuldades dos alunos e ajudá-los a superar suas limitações, em vez de ser usada para classificar ou excluir. Mantoan sugere que a avaliação deve ser flexível, permitindo que o aluno mostre seu aprendizado de diferentes maneiras, como por meio de projetos, apresentações orais ou outras formas de expressão.
O livro também explora o papel fundamental da formação dos professores. Mantoan destaca que, para que a inclusão escolar seja efetiva, é essencial que os professores estejam preparados para trabalhar com alunos com diferentes tipos de deficiência. A formação de professores deve ser contínua e englobar tanto o conhecimento teórico sobre as deficiências quanto as práticas pedagógicas específicas. A autora defende que a formação docente não deve ser limitada a cursos pontuais, mas sim integrada ao cotidiano escolar, com espaços de troca e reflexão entre os professores.
Além disso, o autor discute a importância de uma escola acolhedora e preparada para receber alunos com deficiência. Isso envolve não apenas adaptações físicas no espaço escolar (como rampas de acesso e materiais acessíveis), mas também uma mudança de postura por parte de toda a comunidade escolar. O papel da gestão escolar é fundamental nesse processo, pois deve garantir que todos os recursos necessários para a inclusão estejam disponíveis, além de incentivos à cultura de respeito e valorização das diferenças.
Por fim, Mantoan aponta que a inclusão escolar não deve ser vista como uma responsabilidade exclusiva da escola, mas como um trabalho conjunto entre diferentes setores da sociedade, incluindo as famílias, as políticas públicas e as organizações não governamentais. A inclusão deve ser tratada de forma transversal, envolvendo todos os profissionais que participam da vida dos alunos, de forma a criar um ambiente educacional verdadeiramente inclusivo e participativo.
Conclusão
O livro de Maria Tereza Mantoan oferece uma análise profunda e esclarecedora sobre o conceito, a importância e a prática da inclusão escolar. O autor nos desafia a recompensar a escola como um espaço de aprendizagem para todos, independentemente das diferenças, e a buscar soluções para que todos os alunos possam participar ativamente da vida escolar. Seu trabalho reflete um compromisso com uma educação que respeita os direitos de cada indivíduo, propondo uma transformação que vai além das técnicas pedagógicas, tocando nas questões sociais e culturais que envolvem a educação inclusiva.
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